Quarta-feira fomos à Oftalmo-Pediatra. Há pouco mais de um mês notei um desvio no olhar de Henrique, depois que minha irmã chamou a atenção. Ela estava olhando ele assistir o DVD no notebook e um olhinho estava bem certinho, mas outro estava mais pra dentro.
Depois desse dia, passei a prestar mais atenção. Meu marido falou que tinha notado, mas que achou que estava dentro do tempo normal para se corrigir.
E estava. Pesquisei sobre o assunto. Normalmente esses desvio se corrigem sozinhos até o bebê completar o 7º mês. Encontrei alguns sites que diziam que isso poderia ser corrigido apenas até o quarto mês. Confirmei, no entanto, com a Pediatra e agora com a Oftalmo Pediatra e ambas me informaram que até o término do 6º mês esses desvios são bem comuns e naturais:
"Logo que nasce, o bebê ainda não “aprendeu” a enxergar e nem a coordenar os músculos que movem os olhos. É comum o recém nascido desviar os olhos, ora para dentro, ora para fora. Em torno de 3 meses de idade, o bebê começa a fixar o olhar e os olhos começam a ficar mais alinhados. Após os 6 meses de idade, o bebê NÃO DEVE DESVIAR MAIS OS OLHOS. O bebê aprende a enxergar com os 2 olhos ao mesmo tempo, isto é, juntar as imagens que vem dos dois olhos e percebê-la como uma imagem única em 3 dimensões até os 2 anos de idade. A visão continua seu maturamento até os 7-9 anos de idade, quando então a criança já tem a visão de um adulto. O “grau” que a criança possa ter vai variar com o crescimento, e podem ocorrer variações até os 21 anos ou até mais tarde." (Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica)
Para a consulta, Henrique teve que dilatar a pupila. É exatamente como acontece conosco nos exames, pinga uma gotinha de colírio em cada olho 3 vezes! Todas as vezes ele chorou um pouco, mas na terceira, quase não conseguimos colocar no olho direito. Foi difícil, ele chorou muito e depois ficou inquieto até entrar no consultório da médica. Devia estar incomodando muito o olho dilatado. Tentei todas as brincadeiras e brinquedos favoritos, mas nada o distraia completamente, nem o acalmava. Ainda bem que o consultório estava repleto de brinquedos e ele deve ter gostado da Oftalmo, porque ficou quietinho lá.
A médica examinou bem Henrique e olhou fotos. Para minha surpresa, ela disse que Henrique não tem desvio. No entanto, recebi várias dicas para reconhecer desvios e vim compartilhar. Uma das fotos que mostrei foi essa:
Na foto (quase um auto-retrato, não parece?!!), pra mim, o desvio de Henrique era claro.
Para ela, no entanto, essa é uma foto clássica que mostra como nós pais podemos nos enganar.
Para ela, no entanto, essa é uma foto clássica que mostra como nós pais podemos nos enganar.
O problema que me levou a enxergar um desvio, é que Henrique não está de frente. Ele está levemente inclinado. Prova disso é que as orelhas dele aparecem na foto em níveis diferente. A orelha direita aparece mais e, por isso, parece existir um desvio no olho esquerdo.
Por recomendação, voltaremos daqui há 3 meses. Afinal, a médica considera muito a opinião dos pais, que estão muito mais tempo com o bebê.
Mas olhando melhor agora, atento as dicas que recebemos, também achamos que ele não tem desvio.
Mas olhando melhor agora, atento as dicas que recebemos, também achamos que ele não tem desvio.
Nas fotos que realmente mostram desvios, o bebê deve estar bem de frente. As orelhinhas estarão bem 'emparelhadinhas', mostrando as duas direitinho.
Outra dica muito relevante, é que se o desvio é divergente, normalmente é de fato um desvio, enquanto o convergente, pode ser um pseudoestrabismo:
O Pseudoestrabismo é uma condição que simula presença de estrabismo. Na maioria das vezes, ocorre a “impressão” de que a criança desvia os olhos para dentro embora os olhos estejam alinhados. Esta impressão é causada por pregas de pele verticais e base do nariz alargada, característica facial normal de muitos bebês chamada Epicanto. À medida que a criança cresce, a base nasal vai ficando mais estreita e menos “achatada” e a aparência de desvio vai desaparecendo.
Recomendações da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica:
- A primeira avaliação oftalmológica deve ser feita ao nascer, antes da alta, pelo pediatra (TESTE DO OLHINHO) - No nosso caso, foi feita após a saída do Hospital.
- Nos 2 primeiros anos, uma avaliação oftalmológica completa a cada 6 meses, de preferência com um oftalmo-pediatra. Após, uma avaliação oftalmológica completa anual, pelo menos até os 8-9 anos, de preferência com oftalmo-pediatra.
- A avaliação realizada na escola não é completa!
Como posso diferenciar o Pseudoestrabismo do Estrabismo Verdadeiro?
Eu acho que a melhor forma de ter certeza é levando ela para o médico especializado. Ele fará um exame simples, colocando a luz de uma lanterninha apontada para os olhos do bebê, ou, se a criança for maiorzinha, pedir para que ela olhe para a luz. O reflexo da luz deve ser visto na frente das pupilas (o pretinho no centro da parte colorida dos olhos), e de forma simétrica. Se a criança tem estrabismo verdadeiro, os olhos não estarão alinhados e o reflexo irá aparecer em lugares diferentes em cada olho: provavelmente cairá sobre a pupila em um dos olhos e mais lateral ou mais medial à pupila no olho desviado.
Fiquem de olho nos olhinhos de seus bebês e crianças. Cuidem da saúde deles.
Bom fim de semana e Beijocas.